19 de fevereiro de 2011

Sobre selar.

       Pensamentos, devaneios, idéias; o poeta que antes muito teve pelo que escrever, hoje não lhe sobra nada. Não se sabe mais por onde anda sua inspiração, ou por onde correm seus sentimentos. Quisera esquecer de tudo e recomeçar, mas um poeta não pode recomeçar. Sabe ele que nunca poderá dar fim à sua missão, à missão de escrever, de pensar. Não poderá terminar, como bem disse em "Nada é completo", pois tudo é seleto. Um rastro deixou pela história, e na memória, marcou as suas histórias. Ouve um relâmpago, um trovão, chove em sua terra, chora poeta, perdido e afetado. Sinto que ele tem algo a dizer, aliás, sempre terá algo a vos dizer, mas, agora... com quais palavras? Sei apenas que por onde correrem seus sentimentos, ele pede, com certeza, para que os guarde, para quando voltar, os reconhecer como se fosse pela primeira vez.
       Sim, "para quando ele voltar", e receber do tempo, antigos presentes. Selar, talvez, selar as idéias, selar o campo, selar, às vezes, as muitas palavras que lhe vêem à cabeça para confundir. Selar para uma boa reforma, fugir deste lugar e deixar a vida seguir, fluir. Pois sabe ele que "nós só começamos a viver quando estamos mundo a fora", longe de casa. Viver mais, é o que quer. Dar um tempo para que as coisas voltem ao seu devido lugar...

       Selar, por um tempo necessário. Simplesmente esperar pelo momento certo, porque não se define o que é necessário, apenas, se sente.
O poeta sela agora este blogue.

       Num futuro próximo, nos veremos então, em breve... em breve...

15 de fevereiro de 2011

Perde o sentido

O poeta procura a palavra certa, procura o lugar certo, o tempo certo...

Repete a palavra, repete a dúvida, encontra e perde.

Repete tanto a mesma palavra, até que ela não faz mais sentido,

Olha-se no espelho, para dentro dos próprios olhos, enxerga a alma.

Percebe-se tanto, que agora não se entende.

Querer entender só lhe trará mais perguntas.

O que ele vê, o que sente, o que ele é. Perde o sentido.

Indaga-se tanto

Que perde o sentido.

Não queira entender,

A vida lhe mostrará quem és.

Porém, um dia chegarás ao ponto onde as coisas não mais se encaixam,

Ou não valham o quanto pensas.

Mesmo que tanto procure pela resposta

Um dia, se encontrá-la, irá questioná-la.

12 de fevereiro de 2011

Desistir

Desde cedo a poesia já não tinha mais vida
Basta uma ferida
E a morte já declarara sua vinda.

9 de fevereiro de 2011

Interminado, abortado...

Ó tempo, ó tempo, por que não leva meus desejos? Se é em ti que se baseia minha vida, e só tu podes me trazer de volta a ânsia pelo que escrever; a vontade incessante de perseguir rastros da memória; encontrar em passados dias apagados momentos para concluir poesias... Ó tempo, por que não toma a tua amada e foge? Leve tudo, deixe-me recomeçar por mim mesmo, deixe-me escolher entre o ter e o não ter; o exato momento das coisas. Por que ter então a ti, se não posso terminar minhas poesias, pequenas obras? E meus textos... jogados e interminados para sempre. Tanto esperei, e não houvera conclusão. E esperei, até que não chegara a inspiração. Leva então os meus desejos, para que a vontade de concretizá-los não seja mais necessária; para que eu não mais reflita, quando cambaleante entre pensamentos, aquela mesma mesa sobre minhas poesias. Sim, uma mesa, onde só o que nela me resta são migalhas de meu passado. Tempo que não chega, leva então, a tua amada, para que não mais eu possa abortá-la.