25 de março de 2012

Telhas, tristes telhas

Chove naquela pequena cidade, marcada pelas cinzentas tardes, de casas pequenas. Aconchegantes casas de madeira em que sempre há uma chama, sutil e delicada, alimentada por óleo ou querosene, que arde, ilumina e aquece. Enquanto, do lado de fora, o vento sopra, assobia e resplandece, passando pelas brechas das portas, e das janelas, quase pronunciando palavras num murmúrio breve. Chove na pequena cidade, de pequenas casas, em que choram as telhas. Derramam de suas beiradas cristalinas gotas de tristeza, e de saudade. Choram no silêncio daquela tarde cinzenta, entre as árvores e os jardins de flores, no silêncio de palavras, e no ruído da chuva ao tocar as folhas. Chove naquela pequena cidade, em que o vento canta com mil vozes ao sentir na forma, a melodia das coisas.

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