28 de setembro de 2011

Nigredo - [3]

      "Nossas perdas são estratégias da vulnerabilidade para nos derrubar". Como fotos, dizeres e aparências arquivados em uma praça no passado à qual nunca conseguiremos voltar. Estas "avenidas" da memória, antes palcos de festas, agora nada mais apresentarão do que desconforto e agonia. Lembranças, perdidas, que não mais brilharão, amordaçam as esperanças e rasgam minhas feridas.

       Frágeis e reluzentes estrelas que sucumbiram às trevas.
       Sem pontos no céu, sem rumo na terra.

      Os postes de minha memória se apagaram, e mesmo que o sol a clareie, não voltarei àquelas ruas para procurá-la. Aqueles lugares me assustam tanto quanto uma assombrada casa. São emoções, como touros bravos e fortes, que me machucam.
       Sofro, indignado, atormentado. Perdido neste deserto, no mesmo em que vivi há anos, mas como nunca o vira antes. Queria apenas uma companhia que suprisse tua ignorância. E um cálice que saciaria minha intolerância. Sumiste, talvez, porque fora incapaz de entender minha loucura. Porém, de qualquer maneira, agora não há nem motivação que me proteja da chuva.

- Arquivos da Psique

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