Mesmo que o tempo tenha enterrado suas pegadas, eu ainda as vejo na areia... Como se seu olhar não mais me percebesse, mas sua voz ainda permanecesse em minha cabeça, repetindo, várias vezes, exatamente como me chamava, de Abdul, e de amor. Mas a cada ponto, ecoa lá no fundo do meu coração, o ruído que deixou da nota interrompida. Nós, juntos, seriamos uma canção tão perfeita. Já faz dois meses, e eu continuo a escrever cartas ao vento. Minhas palavras estão secando. As montanhas carmesim estão se acinzentando. O sol se põe, e eu vou me ajeitando, para mais uma noite pensando em ti. Alimentando esperanças enquanto, na fila, espera a raiva que fervilha de vingança.
Cárcere, filho rebelde da Catarse, por que não me deixa em paz? Por que não extirpas do meu pensamento, e contigo, leva todos aqueles momentos? Não me faças realizar a desistência; lançar-me de joelhos ao chão e esperar que, em frações de segundo, a tempestade de areia corroa-me até que eu vire poeira. Por que é tão difícil aceitar (ou esquecer)? Simplesmente porque não fui preparado para um jamais. É tempo demais. Consta que o infinito é distinto e homogêneo, mas carregá-lo nos braços, seja ele prometido de eternidades ou vazio como um jamais, deve ser perturbador... O que fazer, então, se não vou esquecer? Lamentar, desamparadamente lamentar, se não a morte, ou enlouquecer.
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