1 de abril de 2012

Caixa de Bailarina

Uma caixa de música
Blindada por uma paixão insegura e única
Imortalizada no coração por um feitiço proibido
   Arde em ferozes convulsões
   De espectrais explosões
   Em reações frias.

Uma caixa de música
Em seu sutil estalar
   E o arquiteto compositor
   Quase numa agalmatofilia
O amor incondicional ao que não tem vida
Tem alma, mas não vida.

Obra-prima, querida filha,
Organizei os traços de cada olhar
Do nascer ao sucumbir
No verso de teu juízo.


Obra-prima, ó querida,
Vais cantar de acordo com os pinos,
A canção de Bach, e de Beethoven.
Vais encantar meus curiosos filhos,
Amantes da música, que ainda te ouvem
Atenciosamente a cada estalar
De nostalgia...


Suspiros...
   Ventania e risos...
Enterra, Tempo, o que já passou
O que restou morreu
Nos dissonantes gritos
Duma tentativa suicida
    Trazê-la de volta à vida
A caixa de bailarina,
Que uma vez foi minha filha.

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