26 de maio de 2010

Uma metáfora sobre o que quero te dizer


Por vezes, ainda volto a pensar em dias passados,
Procurando neles, o que cumpri.

Lembro-me do dia de chuva,
No qual tudo parecia ruim para mim.
Apareceu-me um homem infeliz, humilde,
Tremendo ao passar do sopro frio do vento,
Pedia um simples café.

Acredito que por um ou dois segundos hesitei em dar atenção,
Mas logo entrei na loja, e saí com o café.
E para onde foi o homem?

Lembro-me de ter-lhe avistado dobrando a esquina,
E sumir.
Fiz minha parte, não devo correr atrás.

Lembro-me, de uma vez perder-me no tempo,
Sem saber o que fazer.

E por vezes, me vinham idéias úteis à mente,
Mas logo as descartava, ou esquecia (são como a paixão).

Eu sabia que dali a alguns dias a idéia não seria tão útil, ou genial.
Descobri assim que nada aqui é tão útil, ou genial.
Devo abraçar estas idéias?

Não me lembro do dia, de quem estava por perto,
Ou do que acontecia por fora.
Mas sei que dali em diante, um sentimento me aguardava ao lado.
"Conte, peça, vá em frente, ame-a."
Dizia ele, à minha cabeça.

Assim fazia ele do meu mundo uma ilusão.
Assim entrei por um beco, no qual não encontrei saída.

Eu acreditava que poderia controlar.

E só o que consegui cumprir foi: engolir tudo o que disse.
Engolir o que disse, e perder-me numa indecisão.
Sei que nada vou mudar, porque não quero mudar algo.

Então por que continuo a ouvi-lo?
Devo abraçá-lo, segui-lo (deixar contaminar)?

Nada cumpri.
Ele dobrou a esquina, e sumiu.

Mas eu ainda hesito, será mesmo que sabia quem este sentimento era?
Será que foi embora?

Talvez, para cumprir o que devo, basta alterar meus botões
(um por um).
Alterar botões (lentamente), e dizer que te amo (sempre), pela ultima vez...

14 de maio de 2010

Um, dois...

E o mundo se desfaz em pedaços quando menos esperas,
Desmancha-se das poucas flores que restam,
Dos poucos campos preservados,
Para se converter ao que nada vale,
Vai-se, simplesmente se vai, aquilo que amas.

E o que estava para ser dito, não disseste.
O que estava para ser feito, deixaste para nunca mais.
Aquele abraço apertado que guardavas para alguém, trancado no peito,
Deixaste para depois.

A gargalhada que faltou, o riso que se perdeu,
O beijo, o olhar, as mãos agarradas ao caminhar,
O pôr-do-sol que ignorou,
A lua que não observou,
O tempo para refletir,
Deixaste para depois.

Arriscaste nunca mais rever,
Arriscaste perder.

Para deixar que a rotina, e a preocupação,
Ocupassem-te mais que a ti mesmo.

Mais que a ti mesmo.

Um, dois, e nunca mais.

8 de maio de 2010

Respirar

Respirar este ar de dentro da mente, de ouvidos abertos, abrir os pulmões e deixar que tomem de conta os pensamentos. Respirar esta manhã, respirar este ar que inunda a casa ao abrir a janela. Sempre, sempre respirar o momento, sempre de ouvidos abertos, e construir dentro de si, a imagem, e converte-la em palavras que dizes a ti mesmo, assim, construindo o que bem queres, construindo a poesia, e construindo outra idéia. Respire-a.