26 de setembro de 2010

Viver

Descobres o que é viver após aprenderes o que é sorrir sinceramente, após aprenderes a dizer não ao que te fará parar no tempo, após aceitares o preço da liberdade e cada lugar para qual fores, assim descobrindo algo novo sobre si, cravando ali tua espada e lutando agora por uma nova conquista. Aprendes o que é viver após descobrires o domínio sobre o próprio inimigo, após triunfar honradamente sobre o próprio corpo, rasgar a carne para que deixe marcado na textura dos próprios ossos a história de tua vida, por muitas vezes cedendo humildemente para vencer. Aprendes certamente o que é viver quando parares para pensar um pouco e admitir verdadeiramente que nada sabes, procurando a cada dia um novo rio alheio por onde flui toda a sabedoria, amor e paz. Após isso, queiras acordar todo dia de um modo diferente, analisando de olhos bem abertos os caminhos para onde a falsa rotina te leva, que oculta aqui e ali os lentos processos da evolução de toda a obra de tua vida. Se vive com o paraquedas aberto, se treina para cair, só se descobre o que é viver após muito refletir sobre o que é improvável à base de cálculos e ciência, após sonhar, querer, perder, amar, cair e cair, encarar com fé o que não compreendes e lidar com o inesperado. Aprendes a viver, aprendes o que é viver, se aprende vivendo, com paciência, sabedoria e fé, sobre cada faze, fazendo um passo de cada vez. É algo que não se pode reduzir a uma palavra. É o que é a vida.

Acalmar-se

Estendes teus braços
E sobre minhas orelhas pressionas tua mão
Eu ouço teu som, como larva que flui de um vulcão.

22 de setembro de 2010

Silêncio

Um som surdo
Paira sobre este quarto
Esse som, tão curto.

Vazio

Nada estampado
Vazio ao lado
Sangue estancado.

Decepção

Fadiga me corrói enquanto tudo ocorre em vão. O trabalho duro até madrugada valeu enquanto estava trancado em minha mente. O que eu calculei errado? O que eu calculei errado?! Trabalhar até tarde não me resgata mais o prazer. Meus olhos estão cansados, meus braços exaustos. E ao jogar-me na cama, todo o sentimento entorpece, mas minha cabeça ainda pesa. Espero assim, decepcionado, o amanhecer. Acordo, olho para as minhas mão frias, calcularei, então, tudo de novo. Com certo ar de decepção.

Não é preciso - (5)

Dormir menos para viver mais,

logo você se esquecerá do tempo em que "viveu mais".

Não é preciso - (4)

Manter-se com ansiedade, isso fará o tempo demorar a passar.

Não é preciso - (3)

Esperar que a inspiração venha até ti, procure-a.

Não é preciso - (2)

Revoltar-se com a vida, isso somente piorará as coisas trazendo mais revoltas.

Não é preciso -

Deixar-se dominar pelo medo de não acordar amanhã.

Cabeça erguida, siga em frente.

17 de setembro de 2010

Ciclo vital

Antiga, antiga árvore
Espera, espera pela morte
Enquanto da própria terra
Emerge mais um broto sobre um corte

Rimou o quanto pôde
E não se arrepende do que fizera
Pois enquanto tudo pôde
Não deixara a missão que Deus lhe dera

Caminhou e caminhou
Devagar sobre cada verso
E no fim se entregou
Às mãos do universo

Antiga, antiga àrvore...
Morre como uma estrela cadete
De súbito apaga ao fim do horizonte.

E agora observa de algum lugar
Seu broto trilhar seu caminho
Longe dos espinhos

12 de setembro de 2010

Discurso niilista

Uma reflexão sobre a correria e estresse que acelera cada vez mais a extinção humana:

“Todos se enchem de orgulho e dizem que estão fazendo sua parte. Matar-me, pouco a pouco, dia-a-dia, não é fazer a minha parte. Eu realmente não sei qual seria a minha parte... mostrar aos tolos o que estão fazendo sem prestar atenção, talvez? Porém, isso não mudaria muita coisa. Todos correm em direção ao pó, e não sabem o que procuram nesta longa caminhada.”

5 de setembro de 2010

Com espadas de papel

Eu luto, não sei até quando, até onde. Mas sei que defendo, ainda que com armas inofensivas, o meu reino. O meu reino, onde os mais fracos são os mais fortes, onde os baixos são os mais altos. Não preciso da grandiosidade de uma verdadeira espada de metal ou ferro com a mais afiada lâmina, nem de sujar as mãos com o ódio gerado pelas poderosas máquinas de destruição. Apenas espadas de papel... que, diferente das outras tão reais e indiferentes, poderão fazer-me acreditar no impossivel. Defendo o meu reino, com espadas de papel, não sei até quando, até onde, mas enquanto eu acreditar, mais forte serei.