24 de dezembro de 2011

Versos cor-de-sangue

Perdoem-me se meus textos estão sujos — sujos de sangue. Não é fácil escrever, por mais que estejas acostumado, não é fácil escrever sem se machucar, sem se cortar com as lâminas do pensamento; escapar ileso do inferno das memórias quando se procura as palavras certas para a poesia. Não é fácil fingir, seja amor, tristeza ou alegria, sem sentir dor, este leve desespero, fugaz. Posso ter falhado na estética do poema, e sempre falharei. Às vezes, quase propositalmente, mas é a realidade que esculpe todos estes traços (dormentes) de dor; versos e feridas, vivos de calor — de sangue.

Perdoem-me, porque a vida já não é mais a culpada.

19 de dezembro de 2011

Dis-sonante

Ó melodia honrosa
Frágeis notas de longo alcance
Canta esta vida amorosa
Rainha de tantos romances
Ó melodia poderosa
Atmosférica à minha volta
Cheia de vigor e prosa
Música de mil notas
Fonte dos meus desejos
Inspiração dos meu arpejos
A qual dita os sons do dia
E sussurra os tons da noite
E quem diria
Que dentre tantos sons errantes
- e ruídos redundantes -
A fala seria o mais
Dissonante?

16 de dezembro de 2011

Antithesis Phrenesis XII

Pensei, ao ouvir tua voz,
Gritar às ondas que parassem de chiar
Mas meu engano era um ruído
(Imortal)
Que meus ouvidos não deixaram de amar.

Mago poeta

Abaixo do céu
Do vermelho tom da meia noite
Ouço palavras que dançam
Eufóricamente sobre um mar sem forma
E das mãos do poeta
Ondas que se lançam
Sobre cada palavra que se torna
Na desordem da matança
Uma poesia sem forma.

13 de dezembro de 2011

Aparência II

Que seja branco ou negro, quem sempre nos espera é o preconceito. Mas se estiver em questão uma face de tristeza, quem primeiro aparece é o desprezo.

Aparência

Certos conceitos ferem, ferem aos que causam dor. Pois sabemos que nunca alguém quis que julgada fosse sua opinião, mas a flecha de quem fere sempre acerta aquele que não considera um irmão.

Seja o sol

Ainda que seja o sol a esperança do alvorecer:

Que me traga a felicidade pela janela da manhã. Mas se não puderes me enxergar dentre tantas casas da discórdia, que sejas discreto. Como a ansiedade que toma forma e esmaece ao anoitecer.
Talvez, mais tarde, no céu eu te procurarei, contudo, se sobre as nuvens eu não te encontrar, que a luz da manhã se entardeça, e então como palavras que correm ao mundo, sem ninguém perceber, discreto serei.

Antithesis Phrenesis XI

Saber que um dia perderei minhas mãos
de tanto apagar e escrever,
me conforta em conceber a alegria
de não mais viver.

Não mais lutar e perder.
Não mais desejar ou querer.
Porque nessa vida em que todo mundo ganha,
não se faz ninguém vencer.