14 de maio de 2010

Um, dois...

E o mundo se desfaz em pedaços quando menos esperas,
Desmancha-se das poucas flores que restam,
Dos poucos campos preservados,
Para se converter ao que nada vale,
Vai-se, simplesmente se vai, aquilo que amas.

E o que estava para ser dito, não disseste.
O que estava para ser feito, deixaste para nunca mais.
Aquele abraço apertado que guardavas para alguém, trancado no peito,
Deixaste para depois.

A gargalhada que faltou, o riso que se perdeu,
O beijo, o olhar, as mãos agarradas ao caminhar,
O pôr-do-sol que ignorou,
A lua que não observou,
O tempo para refletir,
Deixaste para depois.

Arriscaste nunca mais rever,
Arriscaste perder.

Para deixar que a rotina, e a preocupação,
Ocupassem-te mais que a ti mesmo.

Mais que a ti mesmo.

Um, dois, e nunca mais.

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