15 de março de 2010

Aurora

Filho, por que estás tão triste?
Anda, levante a cabeça.

De-me um abraço.

Por que me temes?
se sou pó, como tu bem és.
Se tenho fome, sede e desejos como tu bem tens.

É aurora, eu entendo,
és o sol recém-nascido.
Entendes pouco sobre o mundo,
entendes pouco sobre o peso dele em nossa mente...

Ninguém o suporta por inteiro.

Tu, tens contigo, o direito de ser feliz, todos têm.
Poucos colheram as rosas, saudáveis, que nasceram em seus campos.
Mas, agora, após deixar-mos a juventude; tão bela, tão difícil, tão complexa. Tudo morre.
E os homens caem no abismo da incredulidade. Brotando espinhos, e mais espinhos.

Na margem de teu mar, aguardam-te preciosas pérolas,
escolha uma, com sabedoria. Uma, apenas.
Escolha teu destino, teu caminho, e não a jogues ao mar.
Nem lance teu corpo às águas após a partida dos teus sonhos.

Viva hoje, viva hoje, não deixe para viver amanhã, será tarde de mais.

Contemple o segundo, aprecie a inexistência do tempo à natureza.

Inicia-se uma vida, e termina-se outra.
Se eu partir antes de ti, não revire tua psique em minha procura.
Não ergas castelos feitos de lembranças sobre mim.
Se ungires a obra, eu a destruo.
Se reconstruir, eu a derrubo.

Novamente, te peço, erga a cabeça, filho.
E não ignore a chance de ser feliz.

Não és solitário, se estiveres só, em apuros, clame o teu próprio nome, tem a fé, tem Deus contigo, e tem a ti mesmo.
És invencível.

Não te prendo, nem te largo. Quero que me escute, e aprenda,
que no topo da vida, ao fim da esperança, há o recomeço.
Viva, viva, e recomece.

Nasça e engatinhe, e descubra algo; ande e descubra o mundo novamente.

E sempre aos fins, volte ao teu lago, e indague apenas uma lembrança,
aquela encontrada nas dimensões mais remotas de tua mente,
que prova somente a ti, de que um dia foi criança.

Um comentário: