30 de dezembro de 2010

So far away

Como jamais quis saber,
Agora que eu cresci,
Não há nada aqui que eu possa entender.

Como jamais percebi
Que agora não há nada em mim,
Não existe algo que eu possa vencer.

Nada, então, a perder
Se você quiser crescer.
São só mãos frias
Que por anos irá ver.

Eis o crer,
Não se deixe esquecer.
Mas apenas no fim,
Há de encontrar
O mar,
O ar...

Teu par.
Deixe-me dizer,
Encontrará o teu nada
Sobre uma estrada encantada.

Tu tens uma espada
Assim digo a cada
Para entender,
Saber no que crer,

E assim fazer
O que bem querer.
Se é tudo ou nada.

So far away.
Nada do que sei
Mudará o que sou.

Se é Tu que me faz caminhar,
E é por Ti que continuo a andar.
É só o que sei,
Que estará
A prevalecer.

É só o que sei,
E para sempre Te amarei,
Meu Rei.

O que me tornei...
Perdoe-me.

Far away...

28 de dezembro de 2010

Dead airplane

Ash like snow
Is falling down from your sky
Ash like snow
Let me me hear
Why do i have to fight?

27 de dezembro de 2010

24 de dezembro de 2010

Novo ano

Assim como tudo que tem início e fim é o nosso tempo, passa-se mais um ano e lá vamos nós, mais uma vez, a construir, derrubar, progredir, e a recomeçar tudo de novo. Assim como nossas emoções o tempo é, te trouxe o que você quis, te levou o que podia, marcou em ti memórias inesquecíveis, modificou o possível. E aqui estamos nós, para deixar mais um ano e conhecer ao outro, que virá com novos tempos, tempos de vitória, felicidade, de provação, de glória. Assim como nos antigos tempos, tudo se repete, mas de diferente forma. E por já conhecermos esse tempo, tudo passa cada vez mais rápido, e termina. Então reiniciamos, e recomeçamos novamente. Nós pisamos sobre o chão que nós mesmos construímos, inovamos sobre a inovação, este tempo de que falo, é filho nosso. Se não tivéssemos o inventado, continuaríamos a caminhar normalmente sem interrupções e eventos. Mas é o elemento que não existe na natureza. O único tempo que não criamos, que jamais poderemos controlar, é o nosso tempo. O tempo da vida, o tempo da natureza, este não se repete, não passa como um relâmpago. Ninguém o conhece, ninguém controla, apenas determinamos se vai durar ou não. Então, cuide-se para o novo ano, para novas oportunidades, para ser feliz. Porque só passa uma vez, e nunca mais.

E lá vamos nós, mais uma vez.


Yeah, that's what i see,
That's what i wish.

Mesa grande e farta
Família reunida e todos a bordo!

Feliz natal a todos e muita prosperidade e paz para 2011!

E um grande abraço para todos que acessam o Blog e curtem as poesias.

Boas festas!

Menina de pedra

Teu céu opaco
Tua calma sobre o rasgo,
Tudo forma um arco
Sobre a essência de teu espaço.

Não existe um laço,
Pois em tudo que faço
Para ti não há fato.
Repetem-se em teus olhos
Sempre os últimos atos.

Agora...
Nada que leve ao caso.
Tudo continua a formar um arco,
E tu a se ausentar de teu espaço.

Espera, debaixo da chuva,
O que ninguém pode lhe dar
Ou jamais encontrar
Tua alma a findar,
E eu aqui para te escutar.

Tu e teu guarda-chuva,
Em uma só penumbra,
Aguardam pelo amanhecer,
Mas nada muda.

Teu coração,
Vazio e exilado.
Teu céu,
Disparado ao nada,
Como teu olhar
Que virado ao passado está.
E não há ninguém para lhe mostrar
O belo caminho que tens pela frente.

Está tudo a findar,
Como tua calma sobre o rasgo;
Tua angustia que se torna raiva
E tu, dormente.

16 de dezembro de 2010

Meu campo, sem exceção

Somente as flores
De todas as cores
São meus amores.

Salve-me

Hoje à noite
Os céus se abrirão
E as estrelas cadentes
A voar
Em direção
Ao mar.

Esteja presente.
Então, meu bem, tente
Caminhar
Feliz, em qualquer lugar.
Ensine-me a voar
Sobre as montanhas
A qualquer circunstância
Para além da imaginação
Ou qualquer direção.

Suas escolhas
Determinam sua força,
Seu caminho e seu coração
A brilhar
Longe da multidão.

15 de dezembro de 2010

Zebra.

''
Pensamento de nenhum fruto,
Vazio absoluto.
Corre, corre,
Através do vento bruto,
Sem nada a temer,
Para nada encontrar.

Corre, corre,
Sem nada a perder,
Para nada ganhar.

Zebra.
Que seja.
Mesmo que pereça,
Ou simplesmente se esqueça.
''

14 de dezembro de 2010

Flying Tree

Hey, vê lá no céu, aquela árvore, voando?

13 de dezembro de 2010

Nada é completo

Pegas uma régua e vais medindo cada palavra que deixaste para trás, tudo que não disseste, não fizeste. É incompleta, a poesia, a vida, a fantasia, pois em nenhum dos casos vais conseguir dizer tudo, fazer tudo, completar teu mundo, ir a fundo. Completar, não vais completar. Nada é completo, tudo é seleto, porém, às vezes incerto.

7 de dezembro de 2010

Talvez um dia, longe...

Eles estão calados,
De olhos fechados.
Eles continuam calados,
Em um só passo.

Não se mexa,
Você é vulnerável.
Antes que se esqueça,
Que o momento é desejável.

Alguns você pode ver,
Outros parecem envelhecer,
Mas presentes em você estão,
Todos que te fazem viver em vão.

Não lute, você perderá.
Não escute, você dançará.
Não se preocupe, um dia você fugirá,
E com teu próprios olhos você verá
Um passado sujo e escarnecedor
Que não mais lhe perturbará.
Não lute, você fugirá.
Não se machuque, ou então se queimará.
Eles te iludem, e você cairá.

Não pule, antes que te perturbem.
Não deixe que te usem, que suguem
Teu sangue e o transformem em veneno.
És pequeno, mas não fraco,
Perante a fartura
Dentro de teu quarto.
Te seduzem,
E você nunca está farto.

Caia.
Caia de novo.
Nunca salute
A este povo.
Eles são "o corvo"
Que acertará teus olhos,
Os bicará até te cegar,
Acorrentado.

Fuja.
Fuja de novo.
Até estar morto,
Mas longe de teus demônios.

30 de novembro de 2010

Emfrente

A vida,
Uma avenida
Esculpida, só para quem está de ida.

Fantasma

Diga-me para onde eu devo ir,
Diga-me, em que eu devo acreditar.
Nunca pertenci a este lugar.
Ao menos, ensine-me a sorrir.

Dois anos nesta estrada,
E não há ninguém aqui para me informar.
Enquanto ela permanece calada,
O mistério é que irá me guiar.

Então pego minha mochila e vou
Para tão longe quanto eu posso ir,
Pois nada aqui é como pensei,
Por mais que eu grite
Ninguém quererá me ouvir.

O segredo é aquele que omite
Um ponto vago na escuridão;
O tesouro é aquele que existe
Como um fantasma em meio à multidão.

Então eu pego minha mochila e vou
Para tão longe quanto eu posso ir,
Pois nada aqui é como pensei.
Mostre-me onde eu errei,
Ensine-me a fugir,
Eu vou te seguir.
Ensine-me a lutar,
Eu vou caminhar, e triunfar, sem hesitar.

Mas, enquanto ela permanecer calada,
O mistério é que irá me guiar.
E enquanto a noite permanecer armada,
Vagalumes para me iluminar.

Pois a escuridão não irá me alcançar
Quando vigiado eu andar,
Por mais que eu grite,
Ela pode me abafar,
Mas o segredo é aquele que omite
Um ponto vago na escuridão;
E o tesouro é aquele que existe
Como um fantasma em meio à multidão.

Coexiste
Dentro de nossos corações
Toda a luz
Que nunca brilhou em vão.

16 de novembro de 2010

Autoconceito

O céu parece partir

E não há para onde ir

Sei que todos estão aqui

Mas eu não posso lhes sentir

Nem mesmo existir

Descubro passos

Desvendo acasos

E sobre nenhum dos vasos

Nasce sequer um abraço

Não há espaço

Para ser assim

Será que devo

Desistir de mim?

Tão fraco cai o atingido pela bala do preconceito, disparada pela arma do desrespeito. Quando menos esperas, esmaece a brincadeira, e se esvai aquele, dono de uma vida inteira.

Incompleta 2

À eminência
Das evidências,
Sem religião alguma.

Incompleta

Uma decadência
Sobre a existência
Sem ciência alguma.

Marionetes

Todos envolvidos
De olhos queimados,
E sem ouvidos.

15 de novembro de 2010

Transparente

Hoje e agora,
Palavras que não mudam o mundo.
Aqui e envolta, presentes em quase tudo.

13 de novembro de 2010

Maybe nothing is real

Nada digo enquanto penso calado.
Enquanto observo homens armados;
O mar colorado,
E um peixe alado.

Talvez nada seja real,
Mais brilhante que este coral.
Talvez nada seja real
Mais triunfante do que eliminar o próprio mal

O que é, o que é.
A vida é o que é.

Então guerreamos assim
Sobre frágeis jardins
Gloriosos assim
Como falsos carmins

Maybe nothing is real
War will kill all of us
Well, this is not the deal
Dead Planet it's preparing to introduce itself

Guerreamos assim
Esperando por um fim
Como Caim
Esperançosos pela herança

E não há aliança
Nem esperança
Que vos alcançe
Para transformar

O homem armado
O mar colorado,
O peixe alado...

6 de novembro de 2010

Poetry Soul



Veja este video no canal de Webisland do YouTube

31 de outubro de 2010

Anima Poetae

Anima Poetae

O que poderá eu escrever
Se todo o sentido escorrer, vermelho?

Dos olhos, lança-se a ultima lágrima.
Apagar, apenas apagar, com este único disparo.

Uma melodia interrompida
A vida, com o tempo, esquecida.
O que poderá eu escrever
Quando tu fores?

E se eu não morrer?
E se eu for imortal?
Quem irá me apagar?

A cada passo
Caminho cansado
E o quarto,
Continua em branco.
Por quê?

Meu grande irmão...
Ainda sim observarei por ti
A Terra dos que hão de acontecer
Não me esquecerei
Da chuva
Nem de nossa lua
Se eu sei bem o que é viver
Viverei então, por ninguém.

Então, o que poderei eu, sozinho, escrever?

Carregarei comigo o nosso símbolo de poeta
O guardarei e o protegerei
Mas é apenas um tesouro, sem vida.
 E a alma, sozinha.
Pois, enquanto os outros nos lerem,
Eu respirarei... Somente eu.

Meu grande irmão, o grande Poeta.
Que escrevia como o grande "fera"

E eu, sem ti.
O pequeno imortal

Solidão... Para quê?

Por que não me diz
Só mais uma vez
Como soava
O nosso acorde?
E os tambores?
Os trompetes e os violinos?

Só mais uma vez,
Quero unir-me ao teu corpo,
Um só poeta.
Quero criar
Contigo,
Só mais uma poesia.
Tornar uma vida, sem saída.

Minhalma gêmea
O que poderá eu escrever...
Se todo sentido escorrer, em vermelho?
De teus olhos, lança-se a ultima lágrima.

Amigo

Ainda soa aquela nota
Mantida como uma corda
Na qual segura um de cada lado

E o tempo calado
Sem nada a dizer

Profere-se, esquecimento.
Mas ainda escreve
O tempo.

30 de outubro de 2010

O pecado

E quando te arrependes, queres voltar ao controle, lançando fogo sobre os teus problemas, sobre os próprios erros. Mas, o que são eles? Quem os compõe?

Não tente separá-los
São parte de um todo
Queimá-los só lhe trará mais problemas

Eu hei
De arrancá-los, um a um.
Fazer extinguir, raiz por raiz.

Pois, não sacrificarei esta montanha, raiz de meu plantio, fonte da sobrevivência. Não antes, de muito pensar.

Se não o mesmo erro
O fogo me fará errar

- Por isso, não respires destas chamas
As cinzas deste lugar
Ou em teu estômago nascerá
A raiz do pecado
E este te fará
Congelado.

Sem obstáculos

Por noites vagando por aí
Pensei em sonhar
Fingir que não existem baobás
Para impedir-nos de caminhar
Por este lugar tão pequeno
Tão ingênuo

Hotel sociedade

Prisioneiros da própria vontade
Pensam só pela metade
Assim são, os Homens que criam a realidade

Novo capítulo

Para toda poesia
Uma página nova
À esta viagem, à paisagem

24 de outubro de 2010

Sensação

 sensação

a minha sensação não sou eu, não sou eu quem se sente metido em atalhos perdidos com palavras a saírem por todos os bolsos das calças, do casaco. a minha sensação não sou eu, algures foi construída a mentira daquilo que ofereço a quem não vê para além da imagem exterior. peço desculpa por vos ter convencido tão bem da ficção que construo, peço desculpa, até, por existir. depois sigo também pelos atalhos, leio-me como que se descobre, encontro sempre, aqui ou ali, qualquer coisa que não posso negar ter-me passado pela cabeça. mas, aí está, quando surge a sensação, mesmo que minha, já não sou eu.

      - de luís filipe cristóvão

18 de outubro de 2010

Rejeitar

Coisinhas brilhantes
Que se escondem no escuro
Assim como os diamantes
De um ar tão puro

As observo desta margem
Deitado neste gramado
Banhado por um rio amado
Que reflete a mesma imagem

Observa enamorado pela lua
Trocando olhares por esta rua
Tão vaga, tão bonita
Tímida, ninguém imita

Brilham eles lá
Os diamantes desse par
E eu apenas a sonhar
Com esses amantes do luar

É triste quando começa a clarear
Um véu se estende
Destinado a nos separar
Nada mais se entende

A lua se vai; os pequenos diamantes se vão
Chegou a hora
Triste vou embora
Então o rio corre em vão

Encostado numa cerejeira
Dedilho as cordas do violão
Observo de qualquer maneira
O rio bem longe deste chão

Nela pensa ele
Com ela espera ele
Assim ele a faz querer todas as noites reaparecer
O rio amado, refletindo mesma imagem ao amanhecer
Mesmo ausente lá, naquela margem

Por que motivo sentes a vida assim?
É assim que Ele a quer para mim
O que amamos muitas vezes se vai
Não quer dizer que acabou...
Esta flor que cai
Vê seu mundo que desmoronou

Em meio a este som suave
Semelhante ao vôo de uma ave
Olho para o céu
Para muito além deste véu

Agora sei que elas me observam de lá
Eu as espero voltar, sem rejeitar
Diamantes brilhantes, amantes eternos
São as estrelas, com as quais eu quero sonhar

14 de outubro de 2010

Futuro

E quem sabe se outras manhãs como esta se repetirão? E se por acaso o sol parar de brilhar? E se meus olhos amanhã forem incapazes de alcançar o mar? E se as ondas sonoras forem extintas amanhã? O que será do mundo se toda a cor desmanchar? Amanhã, amanhã... Embora muitos queiram viver o agora, o que será de nós amanhã? Do que seremos capazes? E se o futuro se resumir em marionetes dançantes? E se a ignorância triunfar? O que será ninguém sabe.  Será que se pesar as consequências alguém se arrependerá? Cada um por si ou um por todos? Um dedilhado estranho ecoa lá do fim...

Eu

Neve que cai como cristal
Brilha fora do normal
Ouço sinos
Mas não é natal

Isto é irreal
Sobre o branco
Manchado o vermelho
Um manto
Que cobre o espelho

Posso ver minhas mãos
Que se tornaram inertes com o tempo (preciso pensar, preciso fugir).
Mas para onde vou correr?
Se como o vento eu me persigo

Mesmo preparado para fugir
Não posso sentir
O caminho certo para seguir
Sou a máquina inerte
Impura e sem prece

Ouço os sinos
Mas não é natal
Movem-se os pinos
Sobre o tabuleiro final

Preciso pensar
- Não se abandona o próprio sem par
- Não se entrega ao ódio o seu singular
Estou a estancar
Este sangue que jorra de meu lar

Sobre o branco
Um encanto
Sobre o espelho
Marcado o vermelho

4 de outubro de 2010

Esquecer

De Pedro Amorim e Marcos Santos

A desabrochar está ela
Presenciando mais um amanhecer
Tão confusa espera
Sem poder crescer

Em meio aos girassóis,
Desconhece o mundo em que mora.
Parece diferente de nós,
Mas, como todos, também chora.

A todo crepúsculo
A vejo observar o sol
Transparente e puro
A observo deixar a vida só

Oh, Rosa, que fazes?
Por que tanto observas a vida?
Em tua mente o que trazes?
Rosa, vivida, esquecida.

O quarto,
O silêncio,
O infarto,
Além de antigas carícias.

Anoitece.
Sossega em tua paz.
O dia se desfaz.
A rosa se esquece.

Certo dia
Conversei com ela
Assim se descobrira
A rotina como era

Me respondia
Com ar de alegria,
Tímida sorria,
Porém, de nada se lembraria.

Por outro lado, se sentia feliz
Como sempre quis
A vida era assim
Por sua vez, um dia de cada vez.

Vive, vive
Em teu mundo que recomeça
A cada dia.

"De certo modo, confuso eu ficaria, a felicidade era sua amiga, como preço, de nada se lembraria. Por que eu me retiraria do próprio aposento para mostrá-la o peso de um dia atrás do outro? Assim se resumia toda a felicidade dela: Por sua vez, um dia de cada vez."

26 de setembro de 2010

Viver

Descobres o que é viver após aprenderes o que é sorrir sinceramente, após aprenderes a dizer não ao que te fará parar no tempo, após aceitares o preço da liberdade e cada lugar para qual fores, assim descobrindo algo novo sobre si, cravando ali tua espada e lutando agora por uma nova conquista. Aprendes o que é viver após descobrires o domínio sobre o próprio inimigo, após triunfar honradamente sobre o próprio corpo, rasgar a carne para que deixe marcado na textura dos próprios ossos a história de tua vida, por muitas vezes cedendo humildemente para vencer. Aprendes certamente o que é viver quando parares para pensar um pouco e admitir verdadeiramente que nada sabes, procurando a cada dia um novo rio alheio por onde flui toda a sabedoria, amor e paz. Após isso, queiras acordar todo dia de um modo diferente, analisando de olhos bem abertos os caminhos para onde a falsa rotina te leva, que oculta aqui e ali os lentos processos da evolução de toda a obra de tua vida. Se vive com o paraquedas aberto, se treina para cair, só se descobre o que é viver após muito refletir sobre o que é improvável à base de cálculos e ciência, após sonhar, querer, perder, amar, cair e cair, encarar com fé o que não compreendes e lidar com o inesperado. Aprendes a viver, aprendes o que é viver, se aprende vivendo, com paciência, sabedoria e fé, sobre cada faze, fazendo um passo de cada vez. É algo que não se pode reduzir a uma palavra. É o que é a vida.

Acalmar-se

Estendes teus braços
E sobre minhas orelhas pressionas tua mão
Eu ouço teu som, como larva que flui de um vulcão.

22 de setembro de 2010

Silêncio

Um som surdo
Paira sobre este quarto
Esse som, tão curto.

Vazio

Nada estampado
Vazio ao lado
Sangue estancado.

Decepção

Fadiga me corrói enquanto tudo ocorre em vão. O trabalho duro até madrugada valeu enquanto estava trancado em minha mente. O que eu calculei errado? O que eu calculei errado?! Trabalhar até tarde não me resgata mais o prazer. Meus olhos estão cansados, meus braços exaustos. E ao jogar-me na cama, todo o sentimento entorpece, mas minha cabeça ainda pesa. Espero assim, decepcionado, o amanhecer. Acordo, olho para as minhas mão frias, calcularei, então, tudo de novo. Com certo ar de decepção.

Não é preciso - (5)

Dormir menos para viver mais,

logo você se esquecerá do tempo em que "viveu mais".

Não é preciso - (4)

Manter-se com ansiedade, isso fará o tempo demorar a passar.

Não é preciso - (3)

Esperar que a inspiração venha até ti, procure-a.

Não é preciso - (2)

Revoltar-se com a vida, isso somente piorará as coisas trazendo mais revoltas.

Não é preciso -

Deixar-se dominar pelo medo de não acordar amanhã.

Cabeça erguida, siga em frente.

17 de setembro de 2010

Ciclo vital

Antiga, antiga árvore
Espera, espera pela morte
Enquanto da própria terra
Emerge mais um broto sobre um corte

Rimou o quanto pôde
E não se arrepende do que fizera
Pois enquanto tudo pôde
Não deixara a missão que Deus lhe dera

Caminhou e caminhou
Devagar sobre cada verso
E no fim se entregou
Às mãos do universo

Antiga, antiga àrvore...
Morre como uma estrela cadete
De súbito apaga ao fim do horizonte.

E agora observa de algum lugar
Seu broto trilhar seu caminho
Longe dos espinhos

12 de setembro de 2010

Discurso niilista

Uma reflexão sobre a correria e estresse que acelera cada vez mais a extinção humana:

“Todos se enchem de orgulho e dizem que estão fazendo sua parte. Matar-me, pouco a pouco, dia-a-dia, não é fazer a minha parte. Eu realmente não sei qual seria a minha parte... mostrar aos tolos o que estão fazendo sem prestar atenção, talvez? Porém, isso não mudaria muita coisa. Todos correm em direção ao pó, e não sabem o que procuram nesta longa caminhada.”

5 de setembro de 2010

Com espadas de papel

Eu luto, não sei até quando, até onde. Mas sei que defendo, ainda que com armas inofensivas, o meu reino. O meu reino, onde os mais fracos são os mais fortes, onde os baixos são os mais altos. Não preciso da grandiosidade de uma verdadeira espada de metal ou ferro com a mais afiada lâmina, nem de sujar as mãos com o ódio gerado pelas poderosas máquinas de destruição. Apenas espadas de papel... que, diferente das outras tão reais e indiferentes, poderão fazer-me acreditar no impossivel. Defendo o meu reino, com espadas de papel, não sei até quando, até onde, mas enquanto eu acreditar, mais forte serei.

24 de agosto de 2010

Liberdade

A fera
Um monstro
Ainda espera
Por um encontro
Para ver o mundo
Descobrir o que é tempo
Escutar tudo
Tornar-se um exemplo

A fera
Um monstro
Negada por nós
E aprisionada
Na imensidão do nada

A fera
Lê um conto perdido
Viusualiza
O mundo querido

Atravéz das letras
O mar vê
E no decorrer
Faz chover

A fera
Não mais um monstro
Desvenda livros
Embrulhados num manto

Lê e Lê
Descobre o que não vê
Lê nada mais que palavras
E viaja pra Arábia

A fera
Um leitor
Ainda imagina o sol
De qualquer cor

Constrói
Dentro de si
A mais alta torre
Que ultrapassa qualquer limite
Constrói
E nada falta

Com as próprias unhas
Sobre a parede escreve
Cada frase que a compõe
Sendo breve

E nada mais falta

Rodeada de vazio
E cheia de bravio

Escreve fera
Pensa poeta

Liberta

A fera
O poeta

2 de agosto de 2010

Ela

- Moça de voz suave,
És tão bela.

Alguns preferem dormir
Em tua presença,

E aproveitar
Do teu canto.

Enquanto eu fico ansioso,
Para te sentir.

Tu e teu aliado,
Tão valete,

Sabem para onde ir.
Visitam tantos, batendo em suas janelas trancadas.

Vou sorrir,
Quando chegar de manhã.

E te observar
Até cansar.

Teu som
Inunda minha alma.

E em meio a ele
Irá escutar,

Novamente,
Eu perguntar

Sobre quem me inspira:
"Qual é teu nome?"

Se responder,
Em meio a bela paisagem de névoa,

Em meio ao teu próprio som
De muitos pingos tocando o chão,

Irei escutar novamente,
Que se chama Chuva.

Queria ser o vento
Para de teu lado andar, sempre.

Segredo

À noite
O sono não vem,
Então eu faço poesia.

Paz

Ultimamente
Venho me perguntando
Se realmente
Estou satisfeito com o que realizei
Da manhã até o agora.

Todos lutam
Pela limpa consciência,
E se culpam,
Por um dia não observarem bem
O caminho que seguiam.

Até o agora,
Venho tentando me despir
Destas mudas que o mundo me ofereceu.
Tento a cada dia,
Apenas me lembrar,
De tudo que você esqueceu.

Os campos eram floridos.
A água dos rios, ainda era pura.
Eu me lembro dos dias
Em que me sentia livre, apenas por presenciar
Cada manhã que Deus me dera.

Sinto-me em paz,
Porque pensar
Faz-me capaz,
De ser humano.

Apenas por mais

Eu, solenemente juro que irei encontrar a formula para resolver o problema em que sacrificamos aquilo que queremos, por aquilo que precisamos.

Medo

A árvore não falava,
Mas por seu olhar,
Entendi que de socorro precisava.

Dádiva

Naquela noite
O espantalho sorriu
Um vagalume lhe fazia companhia.

À tarde

Chaminé a fumar.
Já vou almoçar,
E à tardinha apreciar, o mar.

Fraqueza

O olhar disparado ao nada,
O cheiro do passado...
O azar armado.

9 de julho de 2010

Desilusão

Vais a encontro de teu coração e arrancas as flores, tomas uma decisão na qual confias e logo optas por não te abalar por paixão. Mais tarde lhe vens o pensamento: vais te arrepender ou não?

Te quero

Ergues o orgulho ao tomar decisões certas, ao agradar, ao receber agrado como resposta. Ergues a estima, a precisão com qual usa nas palavras, sente-se rei, sente-se rei. Falo de mim, cego o bastante para perceber que há algo de errado comigo. Mas fui forçado a ver, a descrever no papel a sensação do desconhecido dentro de mim, por não ser compatível com meu modo de pensar, por ser inexato; quase compreensível. É algo que se inicia como um probleminha, e por não incomodar, se deixa crescer, é como erva daninha, a destruir todas as plantações de teu campo. Não fiques a observar muito, é contagioso. Respira o ar, sente o cheiro dela, fecha os olhos, a vê, pensa num nome, escolhe o dela. Não posso chamar de paixão, nem de amor, só sei que quando estou a encontrar palavras para encantá-la, me faz enxergar a imensidão do universo delas, me leva a ter a visão dos pensamentos que estavam encobertos, a crer que sou pequeno exposto a um sentimento tão grande. É onde descubro, que não há erva daninha para destruir o que plantei, são flores, as mais raras, as mais belas como ela, que inundam meu campo do suave odor de sua ausência, é o que me faz sentir sua falta, o que me faz descobrir que flores tão nobres expressam tua melodia, que me confortam, e me levam a ti.

2 de julho de 2010

Prefácio

   "Há muito tempo, portava comigo o poder de criar histórias felizes, esperançosas, as quais não se duvida de um "feliz para sempre." Mas nosso cérebro somente capta a tragédia que se passa por nossa visão, e entorpece o sentimento. Somos nós, os mesmos, que damos ao “saber” o devido interesse, e logo após, como conclusão, um jarro de ferro carregando fogo ardente é derramado sobre nosso muro de ouro...”

   "Sim. Aquele que nos protege da realidade, aquele que nos resgata quando a esperança esgota. O nosso muro d'ouro, onde pregamos nossas memórias felizes. Isso nos faz enganar a mente, e reciclar a vontade de viver."

"E mesmo que demore... um dia teremos que viver sem ele."

- Eis as palavras do homem que se deparou com a realidade, e derrubou seu próprio muro protetor.

Dependendo do que vê, a realidade é cruel.

Dependendo de quem a vê, é ingênua, como os homens que a fazem.

22 de junho de 2010

Life goes on.

"Peço-lhe, Pai, para que desenhe meu dia, desenhe meu caminho, desenhe com Teus belos traços minha alma limpa e despida, novamente, porque se eu vier a falecer hoje, salve-me e leve-me para perto de Ti. Leve-me para perto de Ti."

Assim, ao acordar de manhã, ao sair pela porta e a trancar, passa-me pela mente as inúmeras pessoas que não puderam tocar, também, os pés no chão. As inúmeras, ao redor do mundo, que deixaram familiares e amigos sem avisar, sem dizer para onde ia, quem poderia ser eu, por que não?

No entanto, enquanto minha hora não chega, "life goes on". Apesar dos apegos com amigos, e familiares, sou um estrangeiro... Viajando num iceberg que segue os traços de Deus.

16 de junho de 2010

Palavra

Infinitas idéias suspensas no ar, nenhuma ao teu alcance - mas se é poeta, as tenta, as procura. Mesmo que seja por uma palavra, por um olhar, por um caminhar, por um sonho, por uma imagem, por cor; por trás de cada algo estão guardadas inúmeras sílabas, basta um toque para organizá-las, um toque para decifrá-las, um toque para saber, que cada imagem, em si, é um atalho para as palavras.

8 de junho de 2010

Princípio

Na teoria, para todo começo há um fim, e para todo fim há um recomeço opcional, sendo assim, tudo que existe hoje surgiu de um princípio, das iniciativas boas, e ruins. Princípios criados para si, princípios criados para a humanidade. Uma vez que nega, pode ser que sempre negará; uma vez que destrói, pode ser que sempre destruirá; uma vez que se apaixona, pode ser que ame, e assim, pode ser que sempre amará. Na teoria, meu caro, quando se precipita as escolhas, pode haver de não encontrar o fim, e, sem analisar bem o que se faz, pode se deparar com o vício (de errar), ou com o caminho que para lugar nenhum te levará. E para os que se acautelam com os princípios, encontrarão o brilho eterno no que se faz; intenso, mas passageiro, diferente do vicio difícil de largar; diferente do peso da escolha errada, que difícil de suportar é, e não poderá culpar a ninguém por isso, deverá apenas se perdoar, e esperar o fim das circunstâncias, para recomeçar, do zero, se quiser.

7 de junho de 2010

Passagem

Tudo é passageiro,
Desde a chuva até seu emprego,
Desde os pássaros até seus "amigos".

O sol vem, a lua se vai... e não nos restam nem beijos nem abraços...

4 de junho de 2010

Kwoon - I lived on the moon




Querido rapazinho
Aqui está a história da minha vida
Eu morei na lua
Eu morei na lua...
Cobras cinza voavam ao longo das
Montanhas do destino, enquanto
Três macacos rabosos
Estavam desenhando as estrelas
Luz do sol, e eu
Escondo-me do lado escuro, sozinho
Eu tenho corrido para tão longe
Para encontrar meu caminho
Então eu sonho novamente... sozinho


Pequeno garoto, escute
As vozes da sua alma
Elas te mostram o caminho do
Silêncio e da paz
Siga seu pensamento e voe
Escolhendo todas as coisas que deseja
Ondas gigantes, vagalumes...
Teu sonho será teu único escudo
Seus segredos, seu esconderijo, meu filho
Não deixe que eles tentem
Envenenar seu cérebro
Deixe você ir longe
...Meu filho


Tradução - Pedro Amorim

26 de maio de 2010

Uma metáfora sobre o que quero te dizer


Por vezes, ainda volto a pensar em dias passados,
Procurando neles, o que cumpri.

Lembro-me do dia de chuva,
No qual tudo parecia ruim para mim.
Apareceu-me um homem infeliz, humilde,
Tremendo ao passar do sopro frio do vento,
Pedia um simples café.

Acredito que por um ou dois segundos hesitei em dar atenção,
Mas logo entrei na loja, e saí com o café.
E para onde foi o homem?

Lembro-me de ter-lhe avistado dobrando a esquina,
E sumir.
Fiz minha parte, não devo correr atrás.

Lembro-me, de uma vez perder-me no tempo,
Sem saber o que fazer.

E por vezes, me vinham idéias úteis à mente,
Mas logo as descartava, ou esquecia (são como a paixão).

Eu sabia que dali a alguns dias a idéia não seria tão útil, ou genial.
Descobri assim que nada aqui é tão útil, ou genial.
Devo abraçar estas idéias?

Não me lembro do dia, de quem estava por perto,
Ou do que acontecia por fora.
Mas sei que dali em diante, um sentimento me aguardava ao lado.
"Conte, peça, vá em frente, ame-a."
Dizia ele, à minha cabeça.

Assim fazia ele do meu mundo uma ilusão.
Assim entrei por um beco, no qual não encontrei saída.

Eu acreditava que poderia controlar.

E só o que consegui cumprir foi: engolir tudo o que disse.
Engolir o que disse, e perder-me numa indecisão.
Sei que nada vou mudar, porque não quero mudar algo.

Então por que continuo a ouvi-lo?
Devo abraçá-lo, segui-lo (deixar contaminar)?

Nada cumpri.
Ele dobrou a esquina, e sumiu.

Mas eu ainda hesito, será mesmo que sabia quem este sentimento era?
Será que foi embora?

Talvez, para cumprir o que devo, basta alterar meus botões
(um por um).
Alterar botões (lentamente), e dizer que te amo (sempre), pela ultima vez...

14 de maio de 2010

Um, dois...

E o mundo se desfaz em pedaços quando menos esperas,
Desmancha-se das poucas flores que restam,
Dos poucos campos preservados,
Para se converter ao que nada vale,
Vai-se, simplesmente se vai, aquilo que amas.

E o que estava para ser dito, não disseste.
O que estava para ser feito, deixaste para nunca mais.
Aquele abraço apertado que guardavas para alguém, trancado no peito,
Deixaste para depois.

A gargalhada que faltou, o riso que se perdeu,
O beijo, o olhar, as mãos agarradas ao caminhar,
O pôr-do-sol que ignorou,
A lua que não observou,
O tempo para refletir,
Deixaste para depois.

Arriscaste nunca mais rever,
Arriscaste perder.

Para deixar que a rotina, e a preocupação,
Ocupassem-te mais que a ti mesmo.

Mais que a ti mesmo.

Um, dois, e nunca mais.

8 de maio de 2010

Respirar

Respirar este ar de dentro da mente, de ouvidos abertos, abrir os pulmões e deixar que tomem de conta os pensamentos. Respirar esta manhã, respirar este ar que inunda a casa ao abrir a janela. Sempre, sempre respirar o momento, sempre de ouvidos abertos, e construir dentro de si, a imagem, e converte-la em palavras que dizes a ti mesmo, assim, construindo o que bem queres, construindo a poesia, e construindo outra idéia. Respire-a.

29 de abril de 2010

Deletar

E assim acabaste,
ninguém soube; ninguém viu


conheces cada face
sabes de cada dia que se passa
pensas em quem amas


E assim apagas cada imagem.


Foste a cada lugar do mundo seguindo teu trilho inacabado, apenas, caminhando descalço sobre teu simples trilho inacabado.

26 de abril de 2010

Domingo

Um breve reconhecimento sobre os domingos silenciosos:

             Hoje o dia é de saber, mergulhai-vos a cabeça em livros ao invés de perdê-la no orkut.

24 de abril de 2010

Cegar-se

Não me resumo a um homem que se desmonta ao perder uma chance, sei como decepciona, mas sou carne que se desgasta ano após ano sugando como esponja o conhecimento que me rouba a felicidade (nostalgia). Ser encarregado de puxar uma caixa vazia com correntes presas no punho no decorrer da vida, não vale a pena; andar, correr e pensar com o olhar fixo num sonho é desgasto demais. O que se tem na cabeça, se tem no corpo, que idéia tens? Um sonho? Então torna-se um sonho tudo aquilo que és -  uma caixa vazia procurando saciar-se da realização de tal sonho egoísta, e depois de saciado: quer mais. Usa cada concretização para tapar o buraco doutra concretização, até extinguir-se e esquecer tudo. Façamos isto de uma lona para cobrir a parte sem rumo da vida, o que faz de cada um cego, perdido na vida procurando algo para correr atrás, sem perceber o que te observa pelos cantos e lados.

16 de abril de 2010

Descarto

Pergunte-me se sou cego, e responderei que não te vejo

Pergunte-me se sou mudo, e responderei que não te ouço, por tal motivo não falo

Por que me preocupar?

Se o amanhã que provavelmente me espera ainda não está lá

Por que me preocupar?

Se o incerto está certo e todos alegam que estão certos

Será que me perdi?

Acho que estou em teus pensamentos, lhe invadi a cabeça?

Será que me perdi?

Labirinto do amor é a cilada na qual eu caí?

Não faz sentido:

Acordar e dormir sem um “bom dia”,

Presenciar uma tarde qualquer,

E dormir sem um “boa noite”

Não faz sentido:

Olhar para a lua e não a ver

Quero que veja aquela chama que não aquece

Quero que perceba aquela chama que se esforça para aquecer-se

Quero que sinta aquela chama que improvisa para aquecer aos outros

O que espero:

Tens nada a me dar

O que quero:

Nada além de um fim

Pergunto-me: por que me preocupar?

Será que...

Não faz sentido o que espero e o que quero.

 - Entende?

27 de março de 2010

Memórias


Espelho ferido,
marcas que recordam o passado.

Sou prata velha; espelho frágil que trinca ao ser afetado pelas pedras atiradas de lá,
do passado.

Mente fecha-se para si, e escorrem dos olhos as emoções.
Emoções boas e ruins,
felicidades vividas e feridas expostas; a tristeza.

Sou vidro, a janela rígida que nada reflete,
deixo penetrar e atravessar as recordações desvalorizadas.
Como os raios solares.

Mas me afeta cada vez mais, as pedras.
Não sou imune à história, não sou blindado,

por isso,

afim de proteger-me, não sou mais o vidro,
transformo-me em prata, e me torno o velho espelho.

Do simples transparente para o tom de prata,
amarelecida pela mente que volta a ser antiga, enferrujada.
E ainda que trincado, reflito muitas lembranças.

Contudo, ingênuo eu sou...
Como pude por em mente que a prata, o espelho,
petrificaria-me e me protegeria das pedras?

Não sou escudo. Apenas vidro refletindo.

O passado me tenta, logo ponho a mente na linha daquele dia que não é hoje.
Talvez ontem, talvez anteontem, anos distantes, quem sabe?
Vivendo novamente aqueles momentos eternos e contínuos.

Sinto o cheiro do perfume daquela moça.
Vejo a criança que não existe.

Confesso: Espelho é tão frágil quanto janela.

Não quero recordar, mas as imagens não me deixam ver o presente.
Não quero recordar, e assim as pedras farão do meu vidro apenas estilhaços.

E agora, desliza-me no rosto a história, estampando os traços de felicidades e tristezas.
Cabeça lá, não aqui. Estou cego.

Pulo do sofá, corro para o quarto, fecho as janelas,
Corro para lá e para cá, trancando tudo, no desespero,
afim de proteger-me do passado, ouço as pedradas, as vozes antigas.

Não quero recordar, somente o presente é que me importa.

Olho para fora, vejo a rua estreita, pinheiros à frente, a cachoeira que se desmorona ao rio mais próximo.
Olhe, o lindo jardim aos pés de meu lar!

Mas espere, o que está acontecendo?

Ferrugem come as extremidades,
sei que vidro não enferruja,
nem prata, então o que é?

Não vejo mais o jardim, não vejo mais a rua estreita, nem a cachoeira, nem os pinheiros!
A vista embaça e oscila,
olho para a janela, tonto, e apenas vejo os buracos avermelhados marcados no espelho,
e meu próprio reflexo.
Meu lar tornou-se espelho, afim de proteger-se.

Ingênuo eu sou.

Ventania tão forte é essa que derruba meus moveis,
e a mim também.

De onde vem?
Está tudo trancado, mas cortinas brancas continuam a balançar na presença das janelas fechadas,
que agora são espelhos.
Tudo se esvai, tudo cai.

E em minha própria casa,
surge gente que não é gente, é fruto da mente, é essencialmente imaginação.
Vejo a cor do passado, vejo a sépia!

Estou cego, não vejo o presente em mim.

Os vasos de flores, apenas meus vasos de flores não se despedaçam no chão,
continuam intactos,
as belas florzinhas, amarelas e de cabo verde, balançam ao vento suavemente.

Não entendo, estou trancado numa casa de espelhos,
casa que reflete ela mesma.

Situado dentro dela,
nesta ventania que devasta meu ser.
Mente virada ao passado,
refletindo ela mesma.

Seria isto o contrário de uma mente aberta?
Sempre virada para o que não existe, o passado?

O único caminho para superar isso...
a tentação que te faz voltar àquele momento,
ou a consciência força-te ir àquela culpa que te pesa... é ignorar.
Deixe que as pedras rachem e destruam teu vidro,
não se preocupe, reconstrua-o depois, com novidade.

Não transforme-se no espelho.

Literalmente de janelas abertas: mente aberta para coisas novas.

"Continuo a querer sempre viver no presente, sem viagens ao passado,
sem transformar-me em espelho.
Declaro isso porque o hoje não se repete, e o ontem não importa."

18 de março de 2010

Como se fosse o fim


Passam-se duas horas, e mais duas, já é meia noite.
Escorrego minha alma até os dedos repuxo do silêncio uma melodia através do piano no altar da igreja abandonada,
num lugar remoto, e sem vida.
As plantas crescem no decorrer da melodia, e as trepadeiras sobem pela parede. 
Plantas atiçadas.
Logo brotam flores do chão despedaçado e dos pés do piano,
amadurecem e espalham-se delicadamente por todos os cantos.


A noite é bela. E os seres que a contempla, na cidade, se amam no banco da praça aos pares, posso enxergar de longe.

Então, minha distante melodia chega de súbito aos ouvidos de cada um.
E o suspense toma de conta no ar, silencio absoluto.

Céu estrelado racha-se com um relâmpago, e a luz invade.
Oscila-se uma nova terra que ergue-se à nossa.

Paraíso.

O rasgo no céu também faz sangrar o coração de cada ser que sabia o que estava para acontecer e não tomara uma atitude.
Sangue jorrado da alma pelas angustias.
Agora é tarde demais.
O passado se torna inexistente e a mente é a única prova de que tudo aconteceu como devia.

Nova terra se ergue, um sonho, e a luz cega.
E sobre o relance entre o ver e o não ver, enxergamos os anjos.
Com espadas de fogo, olhos cativantes, montados em cavalos brancos descendo a Terra.
Pousam nela, e tudo estremesse.

Racha-se também a Terra, e o fogo sobe, despejando criaturas horrorosas inimagináveis.

Alguns tentam fugir. Tolos.

A morte, lá do fundo, grita e ensurdece, e puxa os fracos para o abismo, bafejando a doença pelos pulmões.
Arames farpados entrelaçam sua pele seca ao longo do braço e corpo.
Chegou a hora de abraçar os homens aflitos
Carregando a dor, e o desespero.

A besta, na espreita em cada esquina, traga os que passam, e eles não morrem.
A cor se torna fosca, a lua sangra e as estrelas caem do céu se estourando em nossa terra,
despejando do interior o terror, para todos os cantos.
E os homens não morrem. A morte já é explicita.

Os maiores pesadelos do homem surgem da negridão do céu.
Em toda parte aparecem.

Os anjos, resgatam em fração de segundo os fiéis.
E metade da população da terra se vai.

Os arrependidos choram.
O mundo perde a cor, e a beleza se descasca; o mar seca.
E na igreja arruinada se encontra o verde, o único que sobra.
E dá frutos, pouco a pouco enquanto toco a triste melodia para o caos.
Enquanto o inferno se alastra pela terra.
Enquanto os anjos fazem sua busca.
E enquanto os tolos ainda correm.

Nasce, então, o fruto do amor, da felicidade, da fidelidade, da força, contudo, nasce o fruto do saber. No centro da igreja.
Que revela o mal ao bem, e cria a hesitação nos mais inseguros.
Aquele que lhe oferece o vìcio, e o força a viver por milênios brotando o mesmo como escravo.

E agora, o céu se fecha.
A luz se vai e as criaturas continuam a devastar.
Nunca perto da igreja abandonada.
Gritos de desespero são escutados de longe.
As almas clamam pela eternidade divina.
Sem esperança alguma, nenhuma luz para lhes revelar uma segunda chance.


Demônios dançam, criaturas extranhas contorcem-se.
Criam o pânico, o medo, a dor, tristeza...

E assim será até o determinado dia.
É o que prevalecerá na terra.
E os homens ficam a espera da segunda chance, atormentados.


Na igreja destruída, onde todo o verde cresce cada vez mais.
eu toco minha última melodia, a melodia do fim.
Triste.
Mas antes de termina-la, sumo subitamente.
O teclado vibra e ecoa suas últimas notas.

E o verde cresce, até atingir as ruínas da cidade, o profundo dos mares, os montes, até espalhar-se totalmente pelo mundo ao longo dos anos de escuridão.
E os anos se passam.

Então o abismo se fecha, e o sol reaparece, e os que restaram na terra recomeçam.
No novo Jardim do Éden.
Apenas sentiram o gosto do inferno.
E recomeçam comendo o fruto do saber.
Com a matemática, a tecnologia, os grandes edifícios, o dinheiro, os crimes, as drogas, os vícios, a ganância, guerras, enfim, tudo se repete. E repete-se novamente, e novamente, e repete-se novamente.

E não há terceira chance que os salvem.

15 de março de 2010

Aurora

Filho, por que estás tão triste?
Anda, levante a cabeça.

De-me um abraço.

Por que me temes?
se sou pó, como tu bem és.
Se tenho fome, sede e desejos como tu bem tens.

É aurora, eu entendo,
és o sol recém-nascido.
Entendes pouco sobre o mundo,
entendes pouco sobre o peso dele em nossa mente...

Ninguém o suporta por inteiro.

Tu, tens contigo, o direito de ser feliz, todos têm.
Poucos colheram as rosas, saudáveis, que nasceram em seus campos.
Mas, agora, após deixar-mos a juventude; tão bela, tão difícil, tão complexa. Tudo morre.
E os homens caem no abismo da incredulidade. Brotando espinhos, e mais espinhos.

Na margem de teu mar, aguardam-te preciosas pérolas,
escolha uma, com sabedoria. Uma, apenas.
Escolha teu destino, teu caminho, e não a jogues ao mar.
Nem lance teu corpo às águas após a partida dos teus sonhos.

Viva hoje, viva hoje, não deixe para viver amanhã, será tarde de mais.

Contemple o segundo, aprecie a inexistência do tempo à natureza.

Inicia-se uma vida, e termina-se outra.
Se eu partir antes de ti, não revire tua psique em minha procura.
Não ergas castelos feitos de lembranças sobre mim.
Se ungires a obra, eu a destruo.
Se reconstruir, eu a derrubo.

Novamente, te peço, erga a cabeça, filho.
E não ignore a chance de ser feliz.

Não és solitário, se estiveres só, em apuros, clame o teu próprio nome, tem a fé, tem Deus contigo, e tem a ti mesmo.
És invencível.

Não te prendo, nem te largo. Quero que me escute, e aprenda,
que no topo da vida, ao fim da esperança, há o recomeço.
Viva, viva, e recomece.

Nasça e engatinhe, e descubra algo; ande e descubra o mundo novamente.

E sempre aos fins, volte ao teu lago, e indague apenas uma lembrança,
aquela encontrada nas dimensões mais remotas de tua mente,
que prova somente a ti, de que um dia foi criança.

14 de março de 2010

Poesia Morta

O que foste? Que és?

Minha folha morta; paisagem em branco
A falta de memória
O sonho iletrado
Persistência no fim

Sem respostas, te procuro.
Minhas letras
Minhas ilusões

Onde foi? O que foste para mim?

Uma tarde; a sépia colada na mente
o silêncio; a surdez
a melancolia; uma cegueira

Uma manhã de sol
o tempo que passa rápido
a noite que morre; a chuva que prevalece, logo domina
o tédio que corrói.

A acidez do amor; ovelha sem pastor
o céu rasgado; nuvem perdida
o teor que predomina; fadiga que mastiga.

Um acordar tarde; um não ir trabalhar
uma formiga; um colosso.

A paixão que invade
calor do deserto; uma noite fria
o tinir do mártir de ferro
a impureza; a dor
o ódio; uma ilusão
o gosto da felicidade insegura,
um assobio desafinado,
meu mundo destruído; símbolo da paz decapitado.

São letras? São vultos?
São almas perdidas?
Minha mente limitada?

Te procuro, minhas palavras queridas...

Dá-me o prazer de reconstituir minhas poesias.

Seja ela uma ilusão,
ilustração da verdade.
Sobre o menino solitário,
sobre o sábio do iceberg,
sobre a morte; a vida.

És inexplicável,
no fim tem sentido,
sempre expressiva.

Noites sem dormir,
a criatividade sem vir.
Dias acordado,
esperando um sinal,
com a gramática amordaçada.

Sou eu, no fim das tardes,
sem ter o que fazer,
à procura das palavras
sem o poder de criar
indefeso.

Sorrindo de cabeça para baixo,
estou mudo em mente.
Abro a boca da alma,
nada digo,
estou calado.

Estou indefeso,
Com o meu símbolo da paz decapitado.

8 de março de 2010

Mulheres

8 de março


Mulher, fragmento do amor, fonte de
Uma luz celestial e encantadora.
Linda, bela aos olhos de qualquer
Homem que saiba amar.
Especial e única, que deve ser
Respeitada e amada.


Ser tão delicado, nem se espera que por trás de uma moça tão bela
Está guardada uma grande força.
Raiz genuína da geração humana.


E na tua alma,
Se acende a
Preciosa chama da coragem e,
Em tua sina reflete a ti o 
Coração que tens,
Indecifrável e especial.
Amante da
Lealdade, tu és a margem do meu ser.

6 de março de 2010

A essência inexistente

Sim, o que posso afirmar é que a existência dela em meu consciente me entristece.
Sua voz equivalente a suavidade e beleza de perolas retiradas do mar.
Sua beleza interior.
Sua beleza externa.
Tudo, tudo o que não posso ter.
Para ser mais preciso: tudo o que já tive.
Por isso me entristece.

Não consigo agarrar nada mais do que o simples vazio no lugar de minhas esperanças.
Elas não existem mais, são apenas memórias, mas informações fortes.
Junto a isso, o amor que já não vivo mais...

É dormente.

Agora, só o que resta é meu senso crítico que se levanta ao fim de cada queda, a fim de destruir cada coisa valorizada.
Não tenho mais informações dela em minha mente vazia.
Nada a trará de volta, bom... provavelmente nada.
Não há nada para abraçar neste vazio...
Nada além de coincidências...

E ao apreciar cada crepúsculo no fim de toda tarde, sozinho,
Automaticamente meu cérebro emite várias imagens dela neste mesmo vazio.
Minha fraqueza.

Emite também cada sorriso dela a cada palavra minha.
Tempos distantes, informações velhas. É o que isso é.
A ignorância ao sentimento me petrifica.
Anestésico à tristeza!
Isso me faz rir do nada.
Dá-me a vontade de subir no mais alto monte e gritar a Deus:

Ó Senhor, por que a conheci? O que seria cada lembrança que vivi?
Coincidência?
Destino?
Ou o simples caminho que leva ao pó e a morte?

Isso me faz pensar,
tudo o que vivi.
É como se a música morresse.
Nenhum sermão faria sentido aos ouvidos de um surdo.
O que quero dizer é que ninguém pode ajudar.
Apenas eu e minha hipocrisia viveremos por enquanto.
Ela se foi, mas sua essência se conteve em minha cabeça.
E os fatos se acabaram.
Sumiu simplesmente.
Sem mais notícias.
Mais uma coincidência contribuinte para o desprezo a tudo.
Nada é para sempre, e sim tudo é eterno.
Dura uma fração de segundo com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata.
Até extinguir-se.

Notas de aço e fogo

As tremeluzentes chamas iluminam a noite,
Abaixo das emoções e acima das estrelas.
Uma interligação com a alma,
Sem dança nem ritual.
Energia que entra pelos ouvidos e se expandi na alma

Até ateus, cristãos, budistas
Todos reúnem-se e deixam de estar onde estão.
É o solo de guitarras, a partitura que infesta o ar.

Engenhosa e traiçoeira é minha amante,
A música e seus variados,
Que me traz a tristeza e a felicidade, a ansiedade

Até os surdos ouvem e mudos gritam,
E todos veem, que o mundo está para mudar num tranco, num estrondo musical

O dia é noite e noite é dia,
Porém:
Tudo é festa.

São as cordas inevitáveis, a arma manuseada por anjos.
Cordas flamejantes, transmitindo um ensurdecer precioso,
Que abafa o tinir malévolo e cativante dos “excluídos do céu”.

O suor, o grito, acompanhando a frase musical.
São: mãos de aço para flamejantes cordas de nylon!
Os violões eruditos, junto ao rock;
Faremos um mundo que não existe existir!

Todos respeitam,
E música incendeia os punhos e dá força,
Dá o fôlego que é preciso a corações perdidos no mais profundo dos oceanos.

Incentivo irresistível.

Verei a manhã diferente hoje:
O sol não é o mesmo,
A lua não é a lua.

São astros clássicos, que dançam por dentro de si,
Assim como todos

Um arrepio, um choque, o raio que racha o céu acompanhando o agudo grito da guitarra,
Um grito de guerra, que treme o chão, avisando o único fim.
O fim do silêncio e do tédio,
Não existe lugar para isso num momento como este.

O movimento rápido dos dedos, correndo de lá para cá em violões.
A guitarra é sônica, ondas mais velozes que a luz, e traz o som do vigor,
Para reviver aquele mundo inexistente.
O mundo onde a carne morre, mas faz as almas suarem, e mergulharem nas emoções de uma melodia insegura.