27 de setembro de 2011

Dilúvio - [2]

Levou a ventania
Tudo o que o tempo deixou
Mas desde que você se foi
Chove há dias

Como pode
Em meu vasto deserto
De montanhas carmesim
Chover há dias?

Mandaste um dilúvio
Em nome de tua glória
Devastar minha memória?
Enganar-te-á em tua escória!

Oh, rochosas pinturas
Famosos rabiscos de dispersos retoques
De nenhuma chama impura
E uma só história

Minhas formosas pinturas
Filhas do deus sol
Não desmanchem aos insultos da chuva
Nem descansem no brilho da lua
Insistam por suas vidas
Crianças do deserto
Não desistam das securas feridas
Que por fim se deem ao inferno!

Chove sobre as montanhas carmesim
Sem vida, em silêncio
Dentro de mim
Onde foi que se dissipou aquele meu mundo
Sem ti?

Antes existisse
Do que colidir com minha saudade...

O deserto sem ti é seco, imenso e deserto.
Exatamente como deveria ser
Mas eu sempre preferi que, ao teu lado,
Fosse apenas uma miragem.

Talvez mandaste o dilúvio para protege-me de mim mesmo, amenizar minha loucura.
Contudo, o fim não foi esse.


- Arquivos da Psique

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