29 de janeiro de 2012

Concreto

O quarto ainda escuro, na jovem manhã, serviu de inspiração para o pequeno poeta. Ouviu caos e trovões do lado de fora e nenhuma tempestade que transformasse os tetos da casa. Entendeu logo que o ser concreto não se modifica em água, nem suas trancas se abrem ao vinho quando não se sabe se é de álcool ou sangue. O teto de madeira de outra casa encharcou-se e corrompeu-se, ninguém mais sabe o que é, mas uma coisa é certa, só não é de concreto porque os homens que vivem nela embebedam-se em vez de devolver aos anjos as célebres palavras que recebem, de saúde e glória. Só não é de concreto porque dali há muito arrancaram sua porta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário