7 de janeiro de 2012

Na chama de um prazer, renasce o caos de uma vingança.

       Vi nascer, crescer e morrer, o nosso amor. Alguns dizem que é eterno: mesmo que se apague, é possível um dia inflamar-se novamente. Mas o meu se queimou. Pegou fogo. Acompanhei-o durante toda sua vida e, o pior de tudo, após sua morte, permaneci vivo (talvez, para escrevê-lo). Vi-o nascer, crescer e morrer; vi-o queimar na chama de uma irreversível frieza, contorcer-se e derreter. E como sempre, assim como cada ferimento que nos deixa uma justa cicatriz, este me deixou "semelhanças" no ar. Semelhanças de traços iguais àqueles da minha amada - de quando me beijava; e acariciava; iguais a cada olhar e sonho daquele momento, que agora se perde no ar. Semelhanças (ardentes) que quando revividas, trazem consigo o câncer da vingança - no interior da própria chama. E encantam: com o prazer de lhe reviver sorrisos felizes como aqueles. E encantam: com o prazer de trazer-lhe a textura de cada beijo. E, de repente, amortecem todo o sentimento - sem dar chances a novas chamas ou prazeres. O que se passou se esfriou. E o que se passa, antes tão fervente como o próprio presente, também esfria-se, e lhe derruba a enorme angústia de não saber mais no que crer. Estatelado no chão de vidro, do tempo, pensa em como todas essas coisas esmaeceram tão rudemente. Pensa na vida, e na morte - e o pior de tudo - vê-se na escolha entre os dois. Simplesmente por corromper-se com a chama, e confundir-se em pensamentos, frutificando o galho seco, com vingança.

"E, novamente recito, na semelhança com meus velhos prazeres, meus olhos queimei na chama, do caos vermelho e da vingança."

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